Hoje li em uma revista semanal que a palavra borogodó estava dicionarizada e resolvi checar a informação. É isso mesmo! O dicionário Houaiss assim a define: "1. atrativo pessoal irresistível; 2. afeto, carinho". Interessante também é o exemplo apresentado: "Com todo aquele borogodó, ele está sempre rodeado de mulheres".
Com o exemplo, fica claro o tipo de contexto social em que a palavra é usada. Afinal, quem não gostaria de ter um borogodó para chamar de seu!? Aliás, se existe uma palavra que tem borogodó é a própria. Talvez essa expressividade da palavra se deva à sua soronidade: é formada apenas por consoantes vozeadas (que exigem vibração das cordas vocais durante sua articulação, além de apresentar três consoantes oclusivas, que envolvem a obstrução total da passagem da corrente de ar durante sua produção... ops!, meu propósito aqui não é dar aula de fonética) o que lhe conferiria uma pronúncia poderosa, que chame a atenção alheia. Seria ela também uma onomatopeia? Quem sabe...
O que mais me chamou atenção no episódio, no entanto, não foi o uso da palavra em uma revista de grande circulação nacional (não vou divulgar o nome da revista, porque não estou recebendo nenhum por fora!), mas a postura, vamos chamá-la assim, liberal do dicionário. Um dicionário, ao contrário do que alguns possam pensar, não é um baú de palavras, com a função de preservar-lhes a pureza e conservá-las por toda a eternidade. É (e não sei se estou muito reducionista nesta definição) um modo de registrar as palavras que são usadas na língua.
É claro que eu seria ingênuo se acreditasse que a concepção de língua com a qual trabalham os lexicógrafos (os sujeitos que produzem os dicionários) está inteiramente de acordo com as mais modernas teorias linguísticas a respeito do que é o do que não é a língua. Porém, esses parecem ser bem mais flexíveis do que os gramáticos tradicionais e sua visão engessada de língua. Enfim, não me deterei nessa discussão a essas horas da noite. O corpo reclama descanso...
O que quis mostar com esse post (muito provavelmente sem pé nem cabeça) foi a minha admiração pelo uso de uma palavra recente na língua em um grande veículo de comunicação, ainda mais quando sei que este é patrulhado de perto pelos puristas da língua e, na maioria das vezes, adota uma postura em concordância com eles. Bem, estou escrevendo muita besteira? Julguem vocês mesmos. Até...
ADOREI!!!!!
ResponderExcluirGostei da definição de borogodó!
ResponderExcluirkkkkkkk... Muuuuito bom!
ResponderExcluirE sobre uma expressão que contém a palavra: "é o ó do borogodó"? O que dizer?
ResponderExcluirInteressante, mas como o Alexsandro comentou acima, e como fica o 'ó do borogodó'? Quer dizer que tem só um pouquinho de charme? Só tem o 'ó' do borogodó todinho? rsrs
ResponderExcluirAcho, na minha humilde ignorância, que nesse caso o sentido da expressão não é positivo. Mas não tenho certeza. Como diriam os linguistas, essa expressão é uma unidade pré-fabricada.
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