segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um palavra aí com borogodó

Hoje li em uma revista semanal que a palavra borogodó estava dicionarizada e resolvi checar a informação. É isso mesmo! O dicionário Houaiss assim a define: "1. atrativo pessoal irresistível; 2. afeto, carinho". Interessante também é o exemplo apresentado: "Com todo aquele borogodó, ele está sempre rodeado de mulheres".

Com o exemplo, fica claro o tipo de contexto social em que a palavra é usada. Afinal, quem não gostaria de ter um borogodó para chamar de seu!? Aliás, se existe uma palavra que tem borogodó é a própria. Talvez essa expressividade da palavra se deva à sua soronidade: é formada apenas por consoantes vozeadas (que exigem vibração das cordas vocais durante sua articulação, além de apresentar três consoantes oclusivas, que envolvem a obstrução total da passagem da corrente de ar durante sua produção... ops!, meu propósito aqui não é dar aula de fonética) o que lhe conferiria uma pronúncia poderosa, que chame a atenção alheia. Seria ela também uma onomatopeia? Quem sabe...

O que mais me chamou atenção no episódio, no entanto, não foi o uso da palavra em uma revista de grande circulação nacional (não vou divulgar o nome da revista, porque não estou recebendo nenhum por fora!), mas a postura, vamos chamá-la assim, liberal do dicionário. Um dicionário, ao contrário do que alguns possam pensar, não é um baú de palavras, com a função de preservar-lhes a pureza e conservá-las por toda a eternidade. É (e não sei se estou muito reducionista nesta definição) um modo de registrar as palavras que são usadas na língua.

É claro que eu seria ingênuo se acreditasse que a concepção de língua com a qual trabalham os lexicógrafos (os sujeitos que produzem os dicionários) está inteiramente de acordo com as mais modernas teorias linguísticas a respeito do que é o do que não é a língua. Porém, esses parecem ser bem mais flexíveis do que os gramáticos tradicionais e sua visão engessada de língua. Enfim, não me deterei nessa discussão a essas horas da noite. O corpo reclama descanso...

O que quis mostar com esse post (muito provavelmente sem pé nem cabeça) foi a minha admiração pelo uso de uma palavra recente na língua em um grande veículo de comunicação, ainda mais quando sei que este é patrulhado de perto pelos puristas da língua e, na maioria das vezes, adota uma postura em concordância com eles. Bem, estou escrevendo muita besteira? Julguem vocês mesmos. Até...

6 comentários:

  1. E sobre uma expressão que contém a palavra: "é o ó do borogodó"? O que dizer?

    ResponderExcluir
  2. Interessante, mas como o Alexsandro comentou acima, e como fica o 'ó do borogodó'? Quer dizer que tem só um pouquinho de charme? Só tem o 'ó' do borogodó todinho? rsrs

    ResponderExcluir
  3. Acho, na minha humilde ignorância, que nesse caso o sentido da expressão não é positivo. Mas não tenho certeza. Como diriam os linguistas, essa expressão é uma unidade pré-fabricada.

    ResponderExcluir