Hoje o Umas palavras aí completa seu primeiro mês. Quando decidi criá-lo, no dia 05 de abril, estava muito animado, mas não imaginava que ele ainda estaria online um mês depois. Para comemorar o, assim chamado, aniversário do blog, compartilho com vocês um microconto, de inspiração pascal, que escrevi na semana passada. Espero que gostem e até a próxima.
Uma história de Páscoa
Saiu de casa bastante cedo e apressado no primeiro dia, nem chegou a tomar café. Tinha de ser bem rápido para chegar ao supermercado e não perder a compra dos seus ovos de chocolate preferidos. A Páscoa estava se aproximando e tinha uma lista grande de encomendas: a esposa, as filhas, os sobrinhos, os filhos dos primos, enfim, toda a família estava dependendo dele para ter a sua Feliz Páscoa... Por isso, a pressa. Por isso, também, o esquecimento. Saiu tão apressado de casa naquele dia que não se lembrou de que antes de desistir do café da manhã, o estava preparando, inclusive com o fogão ligado. Só lembrou-se disso, quando já estava no carro, a dois quarteirões do supermercado. Lembrou também, nesse exato momento, de que não levara o celular e não tinha como entrar em contato com a família. Deu meia-volta, chegando rapidamente em casa, a tempo de evitar uma tragédia. Mas aí já estava irritado demais para retornar ao supermercado. Tomou café e foi trabalhar. Decidiu tentar comprar os chocolates no dia seguinte.
No segundo dia, também saiu de casa bem cedo. Dessa vez, porém, lembrou-se de tudo, do café, do celular etc. Durante todo o trajeto, ficou pensando em quanto chocolate iria comprar e, principalmente, comer. Enquanto se deliciava com esse pensamento, foi surpreendido pelo estouro de um pneu, a dois quarteirões do supermercado! Ficou alguns minutos sem acreditar no ocorrido. Teria de trocar o pneu sozinho, uma tarefa que até então lhe era inédita: nunca antes precisara realizá-la. Com muito custo, conseguiu tal proeza. Estava, entretanto, muito atrasado para o trabalho e precisou adiar a compra uma vez mais.
No terceiro dia, decidira ir de táxi ao supermercado para não ter de se preocupar mais com uma eventualidade semelhante à da véspera. Além do mais, devido à correria do dia anterior e de uma forte chuva durante a noite, não dispusera de tempo para providenciar outro estepe para o carro. Acordou cedo – o que já estava se tornando de praxe –, pegou o táxi no ponto que ficava próximo à sua casa e se dirigiu ao supermercado. Contudo, não levara em consideração a chuva da noite anterior: por causa dos alagamentos noturnos, todo o tráfego das ruas e avenidas próximas foi desviado justamente para a avenida em que se localizava o supermercado, causando um grande congestionamento de veículos. Ele logo percebeu que não adiantava insistir naquela ideia. Então, adiou uma terceira vez a compra dos chocolates. “Quem sabe ao final do expediente eu consiga chegar ao supermercado”, pensava consigo. Aquele dia, no entanto, foi bem longo: duas reuniões de emergência, além de todo o trabalho habitual. Assim, não recusou quando um colega lhe ofereceu uma carona para casa. “Amanhã tem de dar certo. Não aguento mais chegar em casa de mãos vazias e ouvir toda aquela cobrança”.
No quarto dia não houve problema de esquecimento, nem com o pneu, nem o trânsito, muito menos com a chuva. Saiu de casa cedo, mais uma vez. Dirigiu tranquilamente pelas avenidas quase sem tráfego, especialmente a do supermercado, o que era no mínimo incomum. “Talvez muita gente tenha evitado dirigir por aqui, para não ser pega em um congestionamento como o de ontem”, pensou. Chegou então rapidamente ao supermercado, não gastando mais do que 10 minutos em um trajeto que normalmente consumiria uns 25. Ao aproximar-se da entrada do estacionamento, porém, percebeu o motivo de toda aquela calmaria: era feriado e o supermercado estava fechado...
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Catarse pra esse homem!
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